O Hotel Netto, encontra-se localizado na Rua Conselheiro Segurado, n.ºs 1 a 5 cujas traseiras confinam com uma pequena rua que dá acesso às instalações do posto de Sintra da Guarda Nacional Republicana e largo rainha D. Amélia n.º45, freguesia de S. Martinho, no concelho de Sintra, pertencente à Restelo Azul – Exploração Turística, S.A é um edifício que se encontra em área de proteção de monumento classificado – o palácio nacional de Sintra.
A Restelo Azul – Exploração Turística, S.A. está neste momento a viabilizar um projeto de intervenção arquitetónica com vista à transformação numa nova unidade hoteleira e o qual está a ser sujeito às condicionantes decorrentes da circunstância do imóvel estar localizado na área envolvente do Palácio Nacional de Sintra, classificado como Monumento Nacional pelo decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 e com a classificação de Sintra como Paisagem Cultural de Sintra, Monumento Nacional e Património Mundial (Aviso n.º 15169/2010, DR, 2.ª série, n.º 147, de 30-07-2010/ inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO). Tal área do edificado foi alvo de trabalhos arqueológicos prévios no exterior do edifício entre 4 de Julho e 25 de Outubro de 2005, pela equipa técnica do Museu Arqueológico de Odrinhas, de modo a identificar possíveis vestígios e/ou estruturas arqueológicas conservadas na área, identificação de eventuais vestígios estruturais relacionados com os muros de suporte e o contraforte pétreo pré-existente e eventual preservação das realidades postas a descoberto.
Como o interior do edificado se encontrava em estado de ruína não fornecendo condições de segurança para a execução de sondagens arqueológicas só se podia fazer tais trabalhos numa fase posterior.
Os trabalhos arqueológicos foram adjudicados à Neoépica, Lda, pela Restelo Azul – Exploração Turística, S.A, tendo sido autorizados pela DGPC, ofício N.º S-2016/404975 (C.S:1119034) de 03-08-2016.
Assim, os trabalhos arqueológicos contemplavam o acompanhamento arqueológico de todas as demolições dos muros existentes e todas as escavações mecânicas a efetuar.
O amplo acompanhamento arqueológico e as referidas sondagens de diagnóstico realizadas no Hotel Netto permitiram identificar e registar dados arqueológicos que nos permitem dizer que não há vestígios de que no local existam estruturas anteriores à sua construção, mas há elementos arquitetónicos reaproveitados de cronologia anterior que foram reaproveitados nas paredes do edifício, como se pode ver ao longo deste relatório e que foram registados e depositados no Museu Arqueológico de Odrinhas.
Relativamente ao contraforte pétreo sabemos que alguns elementos possuem sinais visíveis que nos permite revelar que estamos na pertença ao universo das construções do Palácio da Vila, concretamente no que concerne às edificações manuelinas e que o mesmo não apresenta estruturas preexistentes à sua construção, repousando esta estrutura sobre um alicerce débil envolto nas margas e argilas imediatamente acamadas à rocha base.
Por outro lado, cabe registar que durante o desmonte parcial das cisternas para o abastecimento de água ao Hotel Netto, se pode supor que a cota antes desta construção seria mais elevada e que antes de iniciarem a construção das cisternas tiveram que construir um muro inferior de cronologia mais recente para suportar o muro superior que divide o hotel Netto da estrada que liga ao posto da GNR.
Pode afirmar-se, também, que na fachada do Hotel Netto virada para a rua que dá acesso ao posto da GNR há muros inferiores de cronologia mais recente que foram construídos à medida que eles foram escavando a rocha de modo a suportar os muros superiores que podem ter sido mais antigos.
Por outro lado, a própria rocha é aproveitada para fazer a própria parede do edifício, tendo-se verificado isso em muitos lados das paredes do edificado em que se viu que a consistência da rocha era possível de ser usada como parede.
Por último, não podemos deixar de sublinhar que a construtora não pretende efetuar qualquer tipo de consolidação no contraforte pétreo e que não pode mexer sem o consentimento da DGPC.