Os trabalhos arqueológicos realizados no conjunto edificado de Santa Eufémia, em Sintra, consistiram, numa primeira fase, na abertura de 16 sondagens manuais, com as dimensões de 2m x 2m, nos locais de implantação de caixas de visita. Procedeu-se, posteriormente, ao acompanhamento de todos os trabalhos que implicaram movimentação e revolvimento de terras, nomeadamente a abertura de valas para infraestruturas no exterior do conjunto edificado.
O imóvel encontra-se inserido na Paisagem Cultural de Sintra, classificada como Monumento Nacional e Património Mundial pelo Aviso n.º 15169/2010, DR, 2.ª série, n.º 147, de 30-07-2010 / Inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO. Localiza-se ainda no Sítio de Santa Eufémia da Serra, classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 5/2002, DR, I Série-B. n.º 42, de 19-02-2002.
Os trabalhos foram autorizados pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) através do ofício nº S-2018/452221 (C.S:1245807), datado de 22/02/2018.
O sítio de Santa Eufémia possui um conjunto de elevada importância patrimonial que evidencia uma longa ocupação humana desde tempos pré-históricos, atestada pelos vestígios de diversos sítios arqueológicos, como o caso do Povoado da Idade do Ferro de Santa Eufémia, da ocupação Neolítica na zona do Castelo dos Mouros, entre outros. Durante a Idade Média a ocupação humana ainda está presente nas vertentes mais íngremes da serra, onde se inclui o sítio de Santa Eufémia, mas começa também a espalhar-se pelo sopé da mesma em terrenos mais planos organizados em plataformas. Por sua vez, a igreja situada na Ermida de Santa Eufémia terá origem medieval, sendo já referida em 1253 e estando provavelmente associada a uma estação termal que ali existiria.
Já na Época Moderna, entre os séculos XVIII e XIX, diversos espaços são convertidos em quintas e palácios e o urbanismo estende-se a novas zonas, sendo que Sintra passa a ser um dos destinos de eleição dos monarcas portugueses.
De facto, a intervenção arqueológica no conjunto edificado permitiu-nos perceber que o fenómeno que ocorre entre os séculos XVIII e XIX também está presente em Santa Eufémia. Ao longo da abertura das sondagens concluiu-se que praticamente toda a área intervencionada foi nivelada de maneira a criar uma plataforma regular onde seria implantado o conjunto edificado de Santa Eufémia, que remonta aos finais do século XIX, tal como foi referido no capítulo da contextualização histórica. Isto é atestado pelo nivelamento do substrato geológico posto à vista durante a abertura de algumas das sondagens arqueológicas. Também a maioria dos materiais recolhidos, nomeadamente cerâmicas de construção do século XIX, atestam esta conclusão. Aqui é importante referir, nomeadamente, o numisma que surgiu na Sondagem 17 (UE [1709]), alusivo ao Rei D. Carlos, datada de 1891 e ainda um fragmento de tijolo referente à Fábrica de Cerâmica de Palença, que começa a laborar no último quartel do século XIX. Também a estrutura – tanque [1703 – 1704 – 1705] que surge na mesma sondagem é um indicativo cronológico importante.
Os dados recolhidos no decurso dos trabalhos arqueológicos vieram demonstrar a existência de estruturas, nomeadamente nas Sondagens 16 e 17, que estão relacionadas com a dinâmica da água em Santa Eufémia. É de notar que desde a Época Medieval existem registos que este local funcionaria como uma importante estância termal.