A Arqueologia Urbana, desenvolvida em Lisboa no âmbito das múltiplas obras que ocorrem na cidade diariamente, constitui hoje em dia, uma atividade que cada vez mais interfere no dia a dia dos cidadãos e na sua dinâmica urbanística. As Sessões “Arqueologia no Bairro”, promovidas pelo Centro de Arqueologia de Lisboa, em articulação com as Juntas de Freguesia correspondentes, pretendem ser um espaço informal de divulgação da informação histórica e arqueológica recolhida nessas intervenções, junto do publico em geral, mas sobretudo vocacionada para a população local, residente ou laboral, que diariamente se cruza e depara com obras onde ocorrem trabalhos de arqueologia, por vezes com algum transtorno.
O "POVOADO" PRÉ- HISTÓRICO DA TRAVESSA DAS DORES. AJUDA E SEUS RESIDENTES DE HÁ 5 MIL ANOS
A escavação arqueológica que se realizou na Travessa da Sr.ª das Dores, no âmbito da construção de um edifício habitacional pela SRU Ocidental, surpreendeu-nos com uma das mais relevantes descobertas na cidade, neste novo milénio: um “fragmento” de um povoado pré-histórico. Este achado transporta-nos para outras vivências remotas e cheias de significado para a compreensão da Memória de Lisboa, das suas gentes, da sua evolução, avisando-nos sobre a continuidade do povoado por debaixo do edifiado envolvente.
Os trabalhos de arqueologia permitiram colocar a descoberto várias fossas/silos escavados em forma de “saco” na rocha macia, sinais das actividades agrícolas realizadas nos campos próximos. Foram também recolhidos grandes conjuntos de conchas e ossos de animais que permitem perceber o tipo de alimentação, os animais existentes, bem como a estreita relação com o rio e o mar ali tão próximo. Para além destes restos, foi recolhida uma grande quantidade de objectos em cerâmica e em pedra lascada e polida, os quais permitem recriar o quotidiano desta gente. Todo este conjunto surge dentro do que aparenta ser um grande fosso, associado a uma parede robusta, eventualmente uma antiga muralha que defendia este povoado em época de conflto.
Esta importante descoberta leva-nos num salto temporal com mais de 5 mil anos, para este espaço que tão bem conhecemos, sobranceiro ao rio Tejo, onde encontramos os primeiros moradores da Ajuda. Aqui viviam o seu dia-a-dia, as suas rotinas, alegrias e tristezas. É com estes “primos” distantes que iremos tentar saber como então se vivia na freguesia da Ajuda.
Irá realizar-se no próximo dia 21 de Maio, pelas 18h:30, na Escola Básica Alexandre Herculano, Rua Nova do Calhariz, 2-8, Lisboa. Os oradores serão Nuno Neto e Paulo Rebelo.
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